Esqueci-me de dar os parabéns a uma querida amiga. Uma pessoa especial, amiga mesmo. Quer dizer, não esqueci, que até me lembrei várias vezes nesse dia. Mas como foi um dia de cão e não peguei logo no telefone, o tempo passou e... ups.
Ainda estou aqui a pensar no que lhe dizer. Ter de admitir «esqueci-me de ti» não me parece nada bonito e isso envergonha-me.
Estes esquecimentos nunca são contra ninguém, são contra nós, que abdiquei do privilégio e da alegria de lhe ligar a dizer «parabéns». Quando nos esquecemos dos amigos quer dizer que nos esquecemos de parar e de ouvir o nosso coração lembrar a cada dia o que realmente é importante.
Já sei o que lhe vou dizer: «Esqueci-me de... mim».
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Quanto vale o perdão
« Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra.»
Malachy McCourt
Cada vez mais me convenço que se alguém nos faz mal ou é injusto connosco devemos perdoar. Não porque a outra pessoa, necessariamente, mereça, mas porque... nós merecemos.
Se alguém nos faz mal, duas duas uma: ou se arrependeu sinceramente e deve ser perdoado, ou não se arrependeu e não merece que continue a afectar-nos com o ressentimento.
Sim, porque em última análise o ressentimento é o reconhecimento do poder que essa pessoa continua a exercer sobre nós. Faz-nos mal na hora e perpectua esse mal se sentirmos mágoa, ódio ou o que seja que nos impede de estarmos em absoluta tranquilidade e bem estar.
Claro que perdoar não é ser parvinho, não é permitir que as coisas aconteçam de novo, não é dar a outra face. Com bom senso, tentaremos que as coisas não se repitam. Perdoar é, acima de tudo, um bálsamo para nós próprios, mais do que para o visado. Perdoar é dizer ao outro que não tem mais a capacidade de nos afectar.
Malachy McCourt
Cada vez mais me convenço que se alguém nos faz mal ou é injusto connosco devemos perdoar. Não porque a outra pessoa, necessariamente, mereça, mas porque... nós merecemos.
Se alguém nos faz mal, duas duas uma: ou se arrependeu sinceramente e deve ser perdoado, ou não se arrependeu e não merece que continue a afectar-nos com o ressentimento.
Sim, porque em última análise o ressentimento é o reconhecimento do poder que essa pessoa continua a exercer sobre nós. Faz-nos mal na hora e perpectua esse mal se sentirmos mágoa, ódio ou o que seja que nos impede de estarmos em absoluta tranquilidade e bem estar.
Claro que perdoar não é ser parvinho, não é permitir que as coisas aconteçam de novo, não é dar a outra face. Com bom senso, tentaremos que as coisas não se repitam. Perdoar é, acima de tudo, um bálsamo para nós próprios, mais do que para o visado. Perdoar é dizer ao outro que não tem mais a capacidade de nos afectar.
sábado, 10 de julho de 2010
Os meus heróis
«É mais fácil morrer por uma mulher do que viver com ela.»
George Byron, poeta inglês, 1788-1824
Às vezes eu penso, para mim: se um dos meus filhos precisasse do meu coração para viver, não hesitava um segundo em dar a minha vida pela deles. Nem um segundo. Mas se um dos meus filhos precisa de meia hora de atenção quando, por exemplo, estou mesmo cansado, chateado ou com dor de cabeça, é bem mais difícil.
Sei que nunca os vou desiludir nas grandes coisas. Sei que daria a vida por eles. Mas isso, pensando bem, é o mais fácil. O mais difícil é estar lá sempre para eles. Dia após dia. Minuto após minuto. Esteja eu bem ou mal. Apeteça-me ou não.
Os heróis que conheço não recebem nunca medalhas ou honrarias. Não aparecem nos telejornais. Os meus heróis vivem incógnitos, somando pequenos actos de coragem ao longo do dia. Os meus heróis limitam-se a dizer: «estou aqui».
George Byron, poeta inglês, 1788-1824
Às vezes eu penso, para mim: se um dos meus filhos precisasse do meu coração para viver, não hesitava um segundo em dar a minha vida pela deles. Nem um segundo. Mas se um dos meus filhos precisa de meia hora de atenção quando, por exemplo, estou mesmo cansado, chateado ou com dor de cabeça, é bem mais difícil.
Sei que nunca os vou desiludir nas grandes coisas. Sei que daria a vida por eles. Mas isso, pensando bem, é o mais fácil. O mais difícil é estar lá sempre para eles. Dia após dia. Minuto após minuto. Esteja eu bem ou mal. Apeteça-me ou não.
Os heróis que conheço não recebem nunca medalhas ou honrarias. Não aparecem nos telejornais. Os meus heróis vivem incógnitos, somando pequenos actos de coragem ao longo do dia. Os meus heróis limitam-se a dizer: «estou aqui».
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Aquilo que sou
Como alguém cantava, «às vezes é no meio do silêncio que descubro, afinal, aquilo que sou». E às vezes é no meio do barulho. E às vezes na adversidade, outras na posperidade. Espera aí... Afinal, descubro-me em tudo, até em mim e no reverso da minha medalha. Será que preciso de me descobrir? Afinal eu sou eu e o meu oposto, o silêncio e o barulho, sou tudo. E às vezes, mais do que abrir todas as portas e janelas, apetece-me parar nessa busca de quem sou, até porque estou em todo o lado, sou um bocado de tudo.
Bolas para aquilo que sou, hoje quero empenhar-me naquilo que vivo. Aquilo que sou é o que fica na memória dos outros; aquilo que vivo é o que fica na minha.
Bolas para aquilo que sou, hoje quero empenhar-me naquilo que vivo. Aquilo que sou é o que fica na memória dos outros; aquilo que vivo é o que fica na minha.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Quem nos devia governar?
«É pena que todas as pessoas que sabem como se governa um país estejam ocupadas a conduzir táxis ou a cortar cabelos.»
George Burns
Nem mais, o que muitas vezes faz falta aos políticos é que enquanto estão entretidos a fazer carreira política não estão a aprender nada com a vida. Com as dificuldades que sentimos, com a ginástica que temos de fazer para esticar o ordenado, com a forma de lidar com as pessoas do mundo real. Por isso, prefiro os políticos que, antes de chegarem à política, já tinham uma carreira firmada.
Sempre admirei as donas de casa, ou 'as mães a tempo inteiro', e qualquer uma delas poderia dar uma aula ao Sócrates sobre a forma de governar um país. E se o Sócrates, como outros, quisesse ouvir, seguramente seria menos mau primeiro ministro.
George Burns
Nem mais, o que muitas vezes faz falta aos políticos é que enquanto estão entretidos a fazer carreira política não estão a aprender nada com a vida. Com as dificuldades que sentimos, com a ginástica que temos de fazer para esticar o ordenado, com a forma de lidar com as pessoas do mundo real. Por isso, prefiro os políticos que, antes de chegarem à política, já tinham uma carreira firmada.
Sempre admirei as donas de casa, ou 'as mães a tempo inteiro', e qualquer uma delas poderia dar uma aula ao Sócrates sobre a forma de governar um país. E se o Sócrates, como outros, quisesse ouvir, seguramente seria menos mau primeiro ministro.
segunda-feira, 22 de março de 2010
O melhor de cada um de nós
«Quando procuramos descobrir o melhor nos outros, de algum modo mostramos o melhor de nós mesmos.»
William Arthur Ward
É por isso que gosto tanto de conhecer pessoas e porque vale a pena procurarmos o melhor que elas têm. Porque neste processo acabamos por nos tornar melhores pessoas. Porque, na descoberta, descobrimo-nos a nós próprios. Porque se te juntas aos bons, tornas-te como eles.
Desafio desta semana: fazer uma lista, nem que seja mental, do melhor que têm as pessoas que amamos.
William Arthur Ward
É por isso que gosto tanto de conhecer pessoas e porque vale a pena procurarmos o melhor que elas têm. Porque neste processo acabamos por nos tornar melhores pessoas. Porque, na descoberta, descobrimo-nos a nós próprios. Porque se te juntas aos bons, tornas-te como eles.
Desafio desta semana: fazer uma lista, nem que seja mental, do melhor que têm as pessoas que amamos.
quinta-feira, 4 de março de 2010
Que ninguém lave as mãos
Que ninguém lave as mãos quando um miúdo de 12 anos decide matar-se porque não aguenta mais levar pancada na escola.
Que ninguém finja que não viu, que não ouviu, que não sabia, que é um caso isolado, que etc e tal numa conversa que dá vómitos.
Que ninguém invente inquéritos para perder tempo, para voltar a lavar as mãos de novo, para fingir que daqui para a frente tudo vai ser diferente.
Que ninguém se atreva a adormecer tranquilo e a acordar como se o amanhã fosse apagar o que se passou hoje.
Sabem o que me enoja mesmo?
Daqui a uns dias aquele miúdo de 12 anos vai deixar de ser notícia. Mais ninguém vai querer saber de uma escola em Mirandela, todos vão estar em amena hibernação até ao próximo miúdo de 12 anos decidir matar-se porque não está para ser saco de pancada. E muito menos para se sentir tão só porque ninguém abriu os olhos para o ver.
Que pais, que professores, que educadores temos, que nem reparam num miúdo de 12 anos?
Eu andei num seminário. Digam o que disserem, acreditem no que acreditarem, mas foram dos melhores anos da minha vida. Já na altura havia miúdos terríveis, com infâncias complicadas e com tendência para malhar nos outros. Por isso, não se atirem aos miúdos que batem como se fossem eles os principais responsáveis, não lavem as mãos, repito.
No meu colégio havia professores, auxiliares, educadores ou até alunos mais velhos e responsáveis sempre a supervisionarem cada centímetro daquele colégio, cada esquina dos espaços de recreio. Havia sempre um responsável a controlar os grupos, as brincadeiras, os jogos. Foi nos salesianos, que adoptam algo de interessante como "sistema preventivo". Antecipar é melhor que reagir, premiar o mérito é melhor que castigar. Ali, os adultos não se demitem.
Que ninguém lave as mãos quando um miúdo de 12 anos decide matar-se porque não aguenta mais levar pancada na escola.
Que ninguém lave as mãos. Não é bonito ver água ensanguentada a fugir pelo ralo...
Que ninguém finja que não viu, que não ouviu, que não sabia, que é um caso isolado, que etc e tal numa conversa que dá vómitos.
Que ninguém invente inquéritos para perder tempo, para voltar a lavar as mãos de novo, para fingir que daqui para a frente tudo vai ser diferente.
Que ninguém se atreva a adormecer tranquilo e a acordar como se o amanhã fosse apagar o que se passou hoje.
Sabem o que me enoja mesmo?
Daqui a uns dias aquele miúdo de 12 anos vai deixar de ser notícia. Mais ninguém vai querer saber de uma escola em Mirandela, todos vão estar em amena hibernação até ao próximo miúdo de 12 anos decidir matar-se porque não está para ser saco de pancada. E muito menos para se sentir tão só porque ninguém abriu os olhos para o ver.
Que pais, que professores, que educadores temos, que nem reparam num miúdo de 12 anos?
Eu andei num seminário. Digam o que disserem, acreditem no que acreditarem, mas foram dos melhores anos da minha vida. Já na altura havia miúdos terríveis, com infâncias complicadas e com tendência para malhar nos outros. Por isso, não se atirem aos miúdos que batem como se fossem eles os principais responsáveis, não lavem as mãos, repito.
No meu colégio havia professores, auxiliares, educadores ou até alunos mais velhos e responsáveis sempre a supervisionarem cada centímetro daquele colégio, cada esquina dos espaços de recreio. Havia sempre um responsável a controlar os grupos, as brincadeiras, os jogos. Foi nos salesianos, que adoptam algo de interessante como "sistema preventivo". Antecipar é melhor que reagir, premiar o mérito é melhor que castigar. Ali, os adultos não se demitem.
Que ninguém lave as mãos quando um miúdo de 12 anos decide matar-se porque não aguenta mais levar pancada na escola.
Que ninguém lave as mãos. Não é bonito ver água ensanguentada a fugir pelo ralo...
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Estou em Angola
Estou em Angola para fazer a cobertura do Campeonato Africano das Nações, até final de Janeiro. Por falta de tempo e com pouca possibilidade de usar internet por muito tempo, não tenho vindo aqui. Está a correr tudo bem, tirando as coisas que não correm e que a malta até já se ri. Não há outra hipótese.
Em Angola diz-se 'Malembe, Malembe', que é como quem diz, 'vai com calma...' Aqui se aprende também o que quer, de facto, dizer, «viver um dia de cada vez». Onde as pequenas conquistas são tão saborosas. Onde o trânsito é louco e 10 quilómetros demoram hora e meia a fazer.
Está um calor de fritar ovos estrelados na pele.
É duro? É. Mas também é uma escola de vida. E um teste à nossa maneira europeizada de ser.
Já devo ter perdido uns 6 quilos em duas semanas. Bem bom. Como aqui não tenho acesso tão fácil aos bolos...
Beijinos e abraços, tenho de ir. Volto quando puder.
Em Angola diz-se 'Malembe, Malembe', que é como quem diz, 'vai com calma...' Aqui se aprende também o que quer, de facto, dizer, «viver um dia de cada vez». Onde as pequenas conquistas são tão saborosas. Onde o trânsito é louco e 10 quilómetros demoram hora e meia a fazer.
Está um calor de fritar ovos estrelados na pele.
É duro? É. Mas também é uma escola de vida. E um teste à nossa maneira europeizada de ser.
Já devo ter perdido uns 6 quilos em duas semanas. Bem bom. Como aqui não tenho acesso tão fácil aos bolos...
Beijinos e abraços, tenho de ir. Volto quando puder.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Votos de Ano Novo
Desde muito cedo que me deixei de fazer votos de ano novo.
Em grande parte, se não faço desejos é por pudor.
Sinto pudor em pedir saúde para 2010 e continuar a comer doces que nem um desalmado, a encher-me de calorias, a fumar (prometi que deixava em Fevereiro), a não fazer exercício físico.
Sinto pudor em pedir a paz para o mundo e ser difícil, às vezes, manter a paz em casa.
Sinto pudor em pedir que acabe a fome e a pobreza e nada contribuir do meu orçamento para ajudar quem precisa.
No fundo, sinto pudor porque estou a desejar mais do que aquilo que costumo fazer na minha vida para o conseguir.
No fundo, desejo que a vida não seja justa, porque se fosse justa me daria, se calhar, e em algumas áreas, apenas o que mereço, o que é menos do que desejo.
Pensando bem, acho que vou formular um desejo para 2010: que tenha mais juízo e trate melhor de mim do que em 2009.
Em grande parte, se não faço desejos é por pudor.
Sinto pudor em pedir saúde para 2010 e continuar a comer doces que nem um desalmado, a encher-me de calorias, a fumar (prometi que deixava em Fevereiro), a não fazer exercício físico.
Sinto pudor em pedir a paz para o mundo e ser difícil, às vezes, manter a paz em casa.
Sinto pudor em pedir que acabe a fome e a pobreza e nada contribuir do meu orçamento para ajudar quem precisa.
No fundo, sinto pudor porque estou a desejar mais do que aquilo que costumo fazer na minha vida para o conseguir.
No fundo, desejo que a vida não seja justa, porque se fosse justa me daria, se calhar, e em algumas áreas, apenas o que mereço, o que é menos do que desejo.
Pensando bem, acho que vou formular um desejo para 2010: que tenha mais juízo e trate melhor de mim do que em 2009.
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