« Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra.»
Malachy McCourt
Cada vez mais me convenço que se alguém nos faz mal ou é injusto connosco devemos perdoar. Não porque a outra pessoa, necessariamente, mereça, mas porque... nós merecemos.
Se alguém nos faz mal, duas duas uma: ou se arrependeu sinceramente e deve ser perdoado, ou não se arrependeu e não merece que continue a afectar-nos com o ressentimento.
Sim, porque em última análise o ressentimento é o reconhecimento do poder que essa pessoa continua a exercer sobre nós. Faz-nos mal na hora e perpectua esse mal se sentirmos mágoa, ódio ou o que seja que nos impede de estarmos em absoluta tranquilidade e bem estar.
Claro que perdoar não é ser parvinho, não é permitir que as coisas aconteçam de novo, não é dar a outra face. Com bom senso, tentaremos que as coisas não se repitam. Perdoar é, acima de tudo, um bálsamo para nós próprios, mais do que para o visado. Perdoar é dizer ao outro que não tem mais a capacidade de nos afectar.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
11 comentários:
O teu lado mais sério é sensato. :)
Beijos
Olá Jorge.
Estas tuas palavras, como referido no comentário anterior, revelam sensatez. Muita sensatez, muita maturidade, muita sabedoria. Porque a arte de perdoar é uma aprendizagem que fazemos. E perdoarmos a nós mesmos é o mais difícil... Gostei muito de te ler e preciso muito, eu mesma, interiorizar estas tuas palavras.
Beijinhos**
OLÁ Joaninha...
Obrigado. Beijinhos de saudade
Olá Laura :-)
Eu sou sempre o primeiro destinatário do que escrevo, dos conselhos que dou, dos objectivos que traço.
De facto, perdoar a nós mesmos é a parte mais difícil do perdoar. Porque ninguém nos pode fazer tão bem ou tão mal quanto nós próprios. Assumir a nossa humanidade e fragilidades ajuda-me a perdoar. A culpa, sendo necessária, é como o ciúme ou outros sentimentos: em demasia só nos castra, nada mais. E pesa muitas vezes mais do que o erro que possamos ter cometido.
Que encontres a serenidade para resolveres o que andas a tentar resolver.
Beijinhos
Oi Jorge,
Concordo com tudo que dizes, apenas acrescento algo que a vida me ensinou, quando, por mais que se faça tudo se repete por várias vezes, aí é melhor perdoar em silêncio e deixar o outro sem saber que perdoamos. Talvez para muitos isso não seja perdoar, mas, é com certeza uma forma de vivermos bem e sermos respeitados por algumas pessoas.
Beijinhos
Olá Fátima
Sensatas essas palavras.
Beijinhos
O perdão, na minha opinião, não serve para retirar o poder ao outro, isso faz-se com a indiferença.
O perdão é o abdicar de um poder que temos: "eu tenho o poder de te remover da minha vida mas escolho não usá-lo, em prol da nossa relação." Perdoar é então um acto de humildade e não de auto-afirmação.
Tudo o que disseste em relação aos efeitos nefastos de não perdoar eu concordo. Mas penso que perdoar é algo mais do que não guardar ressentimento.
Parabéns jorge pelo mote!
É complicado quando nos sentimos traídos ou injustiçados saber ultrapassar esse amargo na boca, esse coração sofrido e esses pensamentos maus.
Se insistirmos em premanecer mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas da vida que precisamos de viver.
Julgo que o Miguel tem razão no sentido de que deveremos é fazer com que a situação ou a pessoa nos seja indiferente. Todavia julgo que só nos passará a ser completamnete indiferente que não nos afectar nem bem nem mal. E isso passa por um perdão. Pode não ser um perdão à pessoa, mas sim à situação e a nós próprios porque muitas vezes a ideia, apenas a ideia de termos sido traidos ou injustiçados e que não nos apercebemos, faz com que levemos essa amargura ao limite de nos culpar.
Se conseguirmos perdoar a acção, conseguimos a indiferença e aí já nada nos afecta.
Parbéns a todos por este brainstorming. São fantásticos...
Viva Miguel
Deixaste-me a pensar e não tenho como discordar. É uma outra abordagem.
Quando somos ofendidos, por exemplo, existe a ofensa em si e o sentimento que fica. Aquela pessoa usou o poder que tem de nos magoar, mas o ressentimento ou a mágoa é perpetuarmos os efeitos da ofensa e esse poder da pessoa sobre nós.
Tens razão: a indiferença é uma afirmação mais forte do que o perdão no que ao poder do outro diz respeito. Mas ao perdoarmos estamos também a colocar fim ao ressentimento e ao poder do outro, nomeadamente de nos deixar mal com o ressentimento ou a mágoa.
Bonita é a ligação do perdão à humildade, em especial em relações em que o que temos a ganhar pode ser bem superior que que perdemos.
Grande abraço e obrigado pela tua reflexão
Olá Antikua
Respondi ao Miguel sem ter lido o teu comentário e respondeste melhor do que...lol...
O segredo, pegando no teu raciocínio, passa por não insistirmos mais do que o tempo necessário.
Os efeitos da traição perpetuados no tempo tendem a ser mais nefastos do que a traição em si. Essa foi um embate violento no coração, mas os efeitos são um bichinho que o corrói lentamente.
Perdoar pode, pois, ser também um gesto de amor para nós próprios. Gostamos tanto de nós que prescindimos do ressentimento para que o nosso coração esteja aberto para receber tudo a quanto tem direito.
Beijinhos
PS Não me esqueci, mas...
Olá jorge.
Não teria arranjado melhores palavras que as tuas. O problema é quando estamos a meio do processo de dor, mágoa, ou sentimento de traição, tudo nos parece negro, mas o tempo é o melhor amigo de tudo. Quando a tempestade de raiva acalma, vem o vazio, e penso ser aí que temos não nos deixar ir na corrente e continuarmos no estado de ressentimento, mas saber e ter consciência que é necessário dar o salto.
Para isso temos de ganhar uma força de vontade muito grande e aprender a gostar de nós próprios, pois essa acção vai conduzir-nos para outra etapa da vida e outro renascer.
Mas é muito complicado no meio da tempestade acreditar que a bonança está para chegar.
Quanto ao outro assunto, tem tempo. Só gostaria da tua opinião e de uma luz para o que se está a passar.
Um grande beijo.
Enviar um comentário