segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Quanto vale o perdão

« Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra.»
Malachy McCourt

Cada vez mais me convenço que se alguém nos faz mal ou é injusto connosco devemos perdoar. Não porque a outra pessoa, necessariamente, mereça, mas porque... nós merecemos.

Se alguém nos faz mal, duas duas uma: ou se arrependeu sinceramente e deve ser perdoado, ou não se arrependeu e não merece que continue a afectar-nos com o ressentimento.

Sim, porque em última análise o ressentimento é o reconhecimento do poder que essa pessoa continua a exercer sobre nós. Faz-nos mal na hora e perpectua esse mal se sentirmos mágoa, ódio ou o que seja que nos impede de estarmos em absoluta tranquilidade e bem estar.

Claro que perdoar não é ser parvinho, não é permitir que as coisas aconteçam de novo, não é dar a outra face. Com bom senso, tentaremos que as coisas não se repitam. Perdoar é, acima de tudo, um bálsamo para nós próprios, mais do que para o visado. Perdoar é dizer ao outro que não tem mais a capacidade de nos afectar.

9 comentários:

Unknown disse...

O teu lado mais sério é sensato. :)


Beijos

laura disse...

Olá Jorge.
Estas tuas palavras, como referido no comentário anterior, revelam sensatez. Muita sensatez, muita maturidade, muita sabedoria. Porque a arte de perdoar é uma aprendizagem que fazemos. E perdoarmos a nós mesmos é o mais difícil... Gostei muito de te ler e preciso muito, eu mesma, interiorizar estas tuas palavras.
Beijinhos**

Jorge Pessoa e Silva disse...

OLÁ Joaninha...

Obrigado. Beijinhos de saudade

Jorge Pessoa e Silva disse...

Olá Laura :-)

Eu sou sempre o primeiro destinatário do que escrevo, dos conselhos que dou, dos objectivos que traço.

De facto, perdoar a nós mesmos é a parte mais difícil do perdoar. Porque ninguém nos pode fazer tão bem ou tão mal quanto nós próprios. Assumir a nossa humanidade e fragilidades ajuda-me a perdoar. A culpa, sendo necessária, é como o ciúme ou outros sentimentos: em demasia só nos castra, nada mais. E pesa muitas vezes mais do que o erro que possamos ter cometido.

Que encontres a serenidade para resolveres o que andas a tentar resolver.

Beijinhos

EAM disse...

Oi Jorge,

Concordo com tudo que dizes, apenas acrescento algo que a vida me ensinou, quando, por mais que se faça tudo se repete por várias vezes, aí é melhor perdoar em silêncio e deixar o outro sem saber que perdoamos. Talvez para muitos isso não seja perdoar, mas, é com certeza uma forma de vivermos bem e sermos respeitados por algumas pessoas.

Beijinhos

Jorge Pessoa e Silva disse...

Olá Fátima


Sensatas essas palavras.


Beijinhos

Miguel disse...

O perdão, na minha opinião, não serve para retirar o poder ao outro, isso faz-se com a indiferença.

O perdão é o abdicar de um poder que temos: "eu tenho o poder de te remover da minha vida mas escolho não usá-lo, em prol da nossa relação." Perdoar é então um acto de humildade e não de auto-afirmação.

Tudo o que disseste em relação aos efeitos nefastos de não perdoar eu concordo. Mas penso que perdoar é algo mais do que não guardar ressentimento.

Jorge Pessoa e Silva disse...

Viva Miguel

Deixaste-me a pensar e não tenho como discordar. É uma outra abordagem.

Quando somos ofendidos, por exemplo, existe a ofensa em si e o sentimento que fica. Aquela pessoa usou o poder que tem de nos magoar, mas o ressentimento ou a mágoa é perpetuarmos os efeitos da ofensa e esse poder da pessoa sobre nós.

Tens razão: a indiferença é uma afirmação mais forte do que o perdão no que ao poder do outro diz respeito. Mas ao perdoarmos estamos também a colocar fim ao ressentimento e ao poder do outro, nomeadamente de nos deixar mal com o ressentimento ou a mágoa.

Bonita é a ligação do perdão à humildade, em especial em relações em que o que temos a ganhar pode ser bem superior que que perdemos.

Grande abraço e obrigado pela tua reflexão

Jorge Pessoa e Silva disse...

Olá Antikua

Respondi ao Miguel sem ter lido o teu comentário e respondeste melhor do que...lol...

O segredo, pegando no teu raciocínio, passa por não insistirmos mais do que o tempo necessário.

Os efeitos da traição perpetuados no tempo tendem a ser mais nefastos do que a traição em si. Essa foi um embate violento no coração, mas os efeitos são um bichinho que o corrói lentamente.

Perdoar pode, pois, ser também um gesto de amor para nós próprios. Gostamos tanto de nós que prescindimos do ressentimento para que o nosso coração esteja aberto para receber tudo a quanto tem direito.

Beijinhos

PS Não me esqueci, mas...